Meio Ambiente e Sustentabilidade por Márcio Silva do Amaral
O Valor do Sabonete
Um garoto pobre, com cerca de 12 ou 13 anos, vestido e calçado de forma muito simples, entra no mercadinho, escolhe um sabonete comum e pede ao proprietário que embrulhe para presente.
"É para minha mãe", diz com orgulho.
O dono da loja ficou comovido diante da simplicidade daquele presente. Olhou com pena para o menino e, sentindo uma grande compaixão, teve vontade de ajudá-lo. Pensou que poderia embrulhar, junto com o sabonete comum, algum artigo mais significativo. Entretanto, ficou indeciso: ora olhava para o garoto, ora para os artigos que tinha em sua loja. Devia ou não fazer? O coração dizia sim, a mente dizia não.
O garoto, notando a indecisão do homem, pensou que ele estivesse duvidando de sua capacidade de pagar. Colocou a mão no bolso, retirou dois reais em moedas que tinha guardado e as colocou sobre o balcão.
O homem ficou ainda mais comovido quando viu as moedas... Continuava seu conflito interno. Em sua intimidade concluíra que, se o garoto pudesse, ele compraria algo bem melhor para sua mãe. Lembrou de sua própria mãe. Fora pobre e muitas vezes, em sua infância e adolescência, também desejara presentear sua mãe. Quando conseguiu emprego, ela já havia morrido. O garoto, com aquele gesto, estava mexendo nas profundezas dos seus sentimentos.
Do outro lado do balcão, o menino começou a ficar ansioso. Alguma coisa parecia estar errada. Por que o homem não embrulhava logo o sabonete? Ele já escolhera, pedira para embrulhar e até tinha mostrado as moedas para o pagamento. Por que a demora? Qual o problema?
No campo da emoção, dois sentimentos se entreolhavam: a compaixão do lado do homem, a desconfiança por parte do garoto. Impaciente, o menino perguntou: "moço, está faltando alguma coisa?"
"Não", respondeu o proprietário do mercadinho. "é que de repente me lembrei de minha mãe. Ela morreu quando eu ainda era muito jovem. Sempre quis dar um presente para ela, mas, desempregado, nunca consegui comprar nada."
Na espontaneidade de seus 12 ou 13 anos, perguntou o menino: "nem um sabonete?"
O homem se calou. Refletiu um pouco e desistiu da idéia de melhorar o presente do garoto. Embrulhou o sabonete com o melhor papel que tinha na loja, colocou uma fita e despachou o menino sem responder mais nada.
A sós, pôs-se a pensar. Como é que nunca pensara em dar algo pequeno e simples para sua mãe? Sempre entendera que presente tinha que ser alguma coisa significativa, tanto assim que, minutos antes, sentira pena da singela compra e pensara em melhorar o presente comprado. Comovido, entendeu que naquele dia tinha recebido uma grande lição. Junto com o sabonete do menino, seguia algo muito mais importante e grandioso, o melhor de todos os presentes: o gesto de amor!
Invista no amor. Ele é o mais poderoso meio de tornar as pessoas felizes. Em qualquer circunstância, o mais importante não é o que se dá, mas como se dá. Todo presente deve se revestir de sentimento e não deve haver diferenças entre homenagens a uma pessoa pobre ou a uma pessoa rica. A expressão deve ser sempre do afeto. O que se deve dar é o coração a vibrar em amor.
A mais de 1960 anos atrás o apóstolo Paulo já dissera por inspiração divina: “O amor é paciente e bondoso. O amor não é ciumento. Não se gaba, não é orgulhoso, não se comporta indecentemente, não procura os seus próprios interesses, não se irrita com facilidade. Não leva em conta o dano. Não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade. Suporta todas as coisas, acredita em todas as coisas, espera todas as coisas, persevera em todas as coisas. O amor nunca acaba.”
O valor do presente não está no valor, mas sim o quanto ele somará na contabilidade do amor.