Não existe problemas em contratar amigos e parentes, desde que ambas as partes sejam inteligentes emocionalmente. Essa é uma dúvida que muitos empresários procuram esclarecer em minhas palestras, consultorias e mentorias.

É preciso muita maturidade para saber diferenciar e compreender os limites onde a amizade e a missão iniciam e terminam. Essa é uma tarefa não muito fácil, já que a maioria das pessoas envolvidas em situações assim em algum momento irá encontrar uma situação de conflito, tanto na vida pessoal quanto na profissional, e isso certamente irá de alguma forma influenciar na relação. 

Por isso que é necessário muita maturidade para que problemas em ambas as esferas não atrapalhem o desempenho no trabalho e a amizade. Nós, como líderes, quando contratamos alguém muito próximo, devemos deixar claras as regras do jogo com o objetivo de amenizar atritos futuros. Pela minha experiência, a tendência do amigo ou parente é que tenha maior dificuldade de encontrar os limites da relação.

Pelo vínculo emocional adquirido pelos anos, a pessoa acredita lá no seu âmago que tenha mais confiança, respeito e admiração por parte do líder, o que pode atrapalhar o clima organizacional, já que por uma questão de valores envolvidos como cumplicidade, honestidade e transparência, o funcionário acabe levando tudo que acontece para o amigo gestor. Isso, sem dúvidas, causa um mal-estar muito grande na equipe. Não estou dizendo que não tenha que falar as coisas, mas falar tudo atrapalha, já que como empresários às vezes temos que fingir que não vimos ou sabemos de certas coisas para o bem do negócio.

Um outro problema que ocorre é o fato de problemas que acontecem dentro do ambiente profissional acabam se tornando pauta em encontros sociais como em um final de semana, por exemplo. Questões podem ser mal interpretadas, levando esposas ou esposos dos envolvidos avaliarem de forma equivocada e opinarem sem ter certeza da realidade. Certa vez em uma empresa que trabalhei o gestor contratou uma funcionária.

A amiga da esposa do gestor comentou que a menina tinha um histórico de namoradeira na cidade. Isso foi suficiente para o casal quase separar-se. Esse meu cliente viveu um verdadeiro inferno astral a ponto de pensar em demitir a moça, o que não ocorreu.

Na época, ele me pediu um conselho e o orientei a fazer terapia de casal e ainda conversar com a funcionária amiga da esposa sobre essa postura, já que além de questionar suas decisões e processos, ela ainda rotulava as pessoas para a sua esposa. São por questões como essa que muitos líderes dizem: não contrate quem não pode ser demitido.

Penso que essa afirmação é errada. Pode demitir sim, assim como qualquer funcionário, desde que o amigo ou parente entenda as regras, respeite as decisões, saiba o seu verdadeiro lugar dentro da organização e acima de tudo, dê o resultado que se espera dele.

Ronan Mairesse

Consultor e Mentor organizacional

A mais de 10 anos ajudando empresas, líderes, atletas, clubes e seleções na busca da excelência!

Instragram: @ronanmairesse

Facebook.com/palestranteronan

Email: ronan@ronanmairesse.com.br

www.blog.ronanmairesse.com.br