Hora da Saúde Mental por Marina Souto Ferreira
“Mas o Autismo dele é leve” Será?
No mês de Abril eu me propus a trazer mais informações a respeito do Transtorno do Espectro Autista. Dando continuidade a este projeto, quero compartilhar com vocês uma reflexão a respeito das pessoas que apresentam o diagnóstico de Autismo, mas que possuem nível de suporte 1 (“leve”).
O TEA, por ser um espectro, possui níveis de suporte, de acordo com a gravidade do caso. Cabe salientar que é possível “caminhar” dentro do Espectro, passando de nível 3 para 2 ou até 1, mas também revelar regressões no nível de suporte, conforme a realização do tratamento adequado ou não.
De acordo com o DSM definimos como: Nivel 1, exigindo apoio; Nível 2,exigindo apoio substancial; Nivel 3, exigindo apoio muito substancial. Ressalta-se ainda que segundo o DSM-5: Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: “As categorias descritivas de gravidade não devem ser usadas para determinar a escolha e a provisão de serviços; isso somente pode ser definido de forma individual e mediante a discussão de prioridades e metas pessoais.” Com isso, reforça a ideia que o tratamento precisa ser individualizado, para atender as necessidade de cada caso.
Então podemos afirmar que o nível 1 é mais fácil? Na verdade não. Tendo em vista que a base para o Diagnóstico de Autismo é a comunicação social, acreditar que por ser nível um de suporte é mais fácil/leve, pode gerar expectativas que esta pessoa irá se comportar e compreender as relações de forma típica, o que de fato não ocorre.
O autismo não possui características físicas faciais, fáceis de serem reconhecidas como no caso da Síndrome de Down, intensificando essa expectativa de comportamentos adequados. Essa situação pode gerar julgamento de acusação aos pais por “não educar” e o julgamento da criança “mau educada”, assim como o atraso de tratamentos adequados para este diagnóstico e baixa autoestima na pessoa com TEA, que passa a se exigir, sem reconhecer suas potencialidades de limitações.
O Nível 1 de suporte pode apresentar crises, comportamentos inadequados, dificuldade em teoria da mente, não conseguindo adivinhar o que está se passando, não percebendo situações, sendo necessário orientações claras, com palavras diretas, podendo utilizar de imagens. Apresenta ainda dificuldade de flexibilidade cognitiva, ou seja a necessidade de manter o mundo e o ambiente de determinada maneira para conseguir realizar suas atividades com bom desempenho necessitando de previsibilidade e controle. Quebrar rituais pode desorganizar a pessoa sensorialmente e emocionalmente. Além disso, apresenta dificuldade na comunicação receptiva de entender e atender a comandos.
Diante dessas características, sugere-se quadro de rotina, comandos com falas claras e objetivas para que se tenha a previsibilidade, evitando crises.
Eu sou a Marina, sou psicóloga e espero ter contribuído na sua vida!
Até a próxima terça-feira, aqui no Clic Paverama!
Referências:
ASSOCIAÇÃO AMERICANA DE PSIQUIÁTRICA et al. DSM-5: Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais . Artmed Editora, 2014.
Formada em psicologia em 2019 Marina realizou especializações em Saúde Mental e Atenção Psicossocial, Educação Especial e Avaliação Psicológica e atualmente se dedica aos estudos da Neuropsicologia e ABA aplicada para o Transtorno do Espectro Autista e Deficiência Intelectual. Tem experiência também no Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e com atendimentos clínicos para diversos públicos, em especial para Transtornos do Neurodesenvolvimento.
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