Psico-Socializando por Henrique Weber
Vivemos em guerra
O Século XX foi uma era de muitas batalhas. Tivemos a Primeira e Segunda Guerra Mundial, a Guerra do Vietnã, a Guerra Santa de Israel, a Guerra da Bósnia, do Iraque, as diversas guerras civis de derrubada de governos na América Latina, as guerras de independência na África, e abrimos o século XXI com a Guerra no Afeganistão, na Síria, e agora, estamos vivendo a Guerra da Ucrânia e de Israel, fora muitas outras guerras regionais. Quando se pensava que a sociedade global havia chegado num patamar de desenvolvimento cultural e tecnológico, que foi o século XIX, imaginava-se que estava afastado de vez o artifício da guerra, o mundo se deparou com a selvageria e com a matança.
No início, a guerra se dava no avanço de soldados pelo campo de batalha, afastado da vida civil, na construção de trincheiras, onde se dependia de bravos guerreiros, e o resultado eram milhares de corpos num chão de lama e sangue. Em seguida, surge o ataque por aviões, bombas caindo aleatoriamente, o extermínio em massa de povos aprisionados, aumentando o número de mortos. E atualmente, o nível bélico-tecnológico chegou a um ponto que basta apertar um botão para a destruição ganhar áreas extensas, a capacidade hoje é a destruição de tudo, de todo o planeta, através das milhares de ogivas nucleares. A raça humana, de qualquer recanto do mundo, pode ser extinta com o acionamento de míseros botões.
Os personagens dessas histórias são um Chefe de Estado e sua política imperialista de saquear ou dominar outros países; os executores da guerra são generais, brigadeiros e almirantes com suas estratégias, e soldados que são os mais vulneráveis e descartáveis, como peças de engrenagens da máquina de guerra. Parece que este quadro está completo, mas não, há alguém que é invisível aos nossos olhos e, propositadamente, não aparece nas notícias.
Eles são o “Mercado” – esse Deus Capitalista que pressiona os governos aos seus interesses, patrocinando-os e cobrando lealdade; que vão atrás das riquezas (recursos naturais) de outros países promovendo a corrupção para a exploração das suas empresas; que precisa movimentar sua economia acionando a guerra; e que luta mais do que ninguém para acumular mais poder. Foi uma crise capitalista que fez emergir a Primeira Guerra Mundial, e por conseguinte, a Segunda Guerra, pois a derrota e as sanções humilhantes à Alemanha fez arrefecer o nazismo e as ideias totalitárias do fascismo italiano. Não obstante, nós temos um Grande Senhor da Guerra que se chama Estados Unidos da América. Este país é o verdadeiro protagonista da maioria das guerras no mundo. E ele é completamente dominado pelo Deus Mercado, é o país que sustenta os valores desse sistema capitalista, mudando as suas regras quando lhes convém, para o seu Império. Seu povo se denomina como “os fortes”, “os escolhidos”, aqueles que detém o direito a tudo, “os donos do mundo”, os representante legítimos de Deus. Essa alma espartana faz-me lembrar de um outro deus, da mitologia grega, que se caracteriza por ser sanguinário, combativo, violento… seu nome é Ares, o Deus da Guerra!
No plano social, nós também vivemos em guerra. A violência é cotidiana na luta por áreas de tráfico de drogas, na luta pelo uso da terra e a destruição do meio ambiente, na luta política, nos ataques com a finalidade do extermínio racial, sexista, nas brigas de trânsito que mata muita gente, no feminicídio, e na luta pela sobrevivência. A agressividade e a violência pode ser representado por Ares que foi um deus que tinha o gosto pelo combate, adorava a força bruta, o banho de sangue, seu prazer era de furar as defesas e tomar o espaço. No fundo, Ares não consegue ter domínio sobre si, não é consciente do que se passa em seu peito, ele é tomado pela raiva (assim é de visão curta) e precisa descarregá-la de alguma forma.
É um deus brigão, sobra a culpa pros outros. Dessa maneira, esse deus é odiado entre seus pares do Monte Olimpo, e seu pai Zeus o tolera (mas o desejo deste é de jogá-lo ao Tártaro, que é o submundo, a fim de excluí-lo). Quando Ares veio ao mundo, diziam que seria o sucessor de seu pai, pois os raios, a força eram muito parecidas, colocando-o numa posição temida pelos outros. Pois bem, acredito que Ares busca constantemente medir forças com esse outro que lhe parece ser sempre maior do que ele, é uma tentativa de ocupar o assento do Rei.
Ele é ludibriado facilmente e não consegue ter compromisso de lealdade. Foi assim na Guerra de Tróia, onde começou a lutar ao lado dos gregos, mas Afrodite (Deusa do Amor) o encantou e fez ele mudar para o lado que ela defendia, a dos troianos. Ele é considerado insano, um psicopata, porque enlouquece quando começa uma batalha, e sempre perde todas, o que mostra que numa guerra todos perdem, a destruição é de lado a lado. Sua irmã Atena (Deusa da Estratégia, da Guerra Justa) já o venceu duas vezes, e até mesmo heróis humanos já tiveram a audácia de enfrentá-lo. Vale pensar o quanto que em nossas vidas, travamos uma guerra diária, tomados por uma obsessão irracional, alimentando-nos da raiva e da gana, ganhamos corpo e expandimos com a finalidade de eliminar o outro. Somos tomados pela discórdia, adotamos uma postura inflexível e arrogante com a finalidade de agredir, que cá entre nós, é violência gratuita. Está ancorado em algum conflito interno, uma baixa autoestima perante ao outro, numa inveja de se apoderar de algo ou de algum lugar. Ao final, Ares angaria uma derrota moral como tem sido os EUA e Israel perante o Mundo, como tem sido grupos de pessoas ou autoridades de alma fascista que alcançam o poder e que desprezam a vida humana.
Acredito que existe uma questão interessante a saber: como foi que Afrodite se apaixonou por Ares e teve cinco filhos? Lembrando que os deuses gregos são representações complexas de fenômenos humanos e podemos aprender muito com suas narrativas. OK. Amor e ódio são forças que estão dentro de nós e nos animam. Libido e agressividade também. Ares é um deus viril, o amante ideal, que busca exibir a sua força, seu corpo musculoso, ciente da sua superioridade. Creio que parte das mulheres se sintam atraídas por tipos assim, que faz da relação a dois uma deliciosa batalha, que impõe o seu domínio, as suas armas. Quando está calmo, é como se fosse uma criança que busca se desculpar das suas falhas, alguém de coração bom. Os filhos deste casal foram: 1) Eros (Cupido) que lançava suas flechas para levar o amor ou o desamor aos pares; 2) Anteros era o deus do Amor Vingativo, punitivo; 3) Deimos era o deus do Terror, do pânico; 4) Fobos era o deus do Medo, do temor; 5) Harmonia era a deusa da Concórdia, do equilíbrio ideal. Todos eles valem um estudo para entender como funciona esse fenômeno da guerra e da paz, dentro e fora do ser-humano, e é um retrato do que vivemos no nosso cotidiano.
A Guerra da Ucrânia e de Israel está se alastrando, os países europeus que poderiam equilibrar esta balança estão insuflando os russos, a ponto de que o conflito está escalonando demais. Cade a racionalidade, quem pode parar os EUA e a OTAN? O clima é muito tenso e estamos diante de dois países com potencial de destruição do mundo: EUA e Rússia. Pode ser o início da Terceira Guerra Mundial e que mundo deixaremos para as futuras gerações, é o fim? O temor e o terror vividos na Palestina e em Donetsk cuja situação é infernal, vem dando os seus ares por todo o mundo.
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