Hora da Saúde Mental por Marina Souto Ferreira
Um cuidado muito importante após catástrofes, o não esquecimento de si mesmo.
Diante da perda de nossos pertences, roupas, e casa, há o enfrentamento do luto. Luto pela segurança, diante de instabilidades e incertezas da vida. Sim, um luto simbólico, pouco conhecido e valorizado, mas muito sentido por aqueles que de alguma maneira, foram forçados a mudar suas vidas de forma repentina, diante de catástrofes ou violências, sem tempo para processar as informações e compreender o que está acontecendo, por vezes ainda em estado de choque. Buscando alguma referência a respeito de si, por vezes não encontrando, já que o que existia, deixou de existir, e a roupa que representava o gosto pessoal, já não parece mais.
Nossas roupas fazem parte da nossa personalidade, a falta delas pode gerar um estranhamento do nosso corpo e de quem somos. Então é importante valorizar o que gostamos, nossa rotina e interesses, ainda que estejamos em abrigos ou na casa de outras pessoas. Esses pequenos detalhes, como é a rotina, podem auxiliar na reconstrução da vida, um dia após o outro.
Em meio ao processo de reconstrução, há uma voz interna em cada um, que só é possível ouvir no silêncio em meditação. Desta forma, em meio ao caos, sem direção, sem esperanças, essa voz assume um papel muito importante. Passamos a ampliar nosso olhar em relação ao todo, compreendendo as dualidades da vida, como por exemplo, tristeza e alegria, escuridão e luz, morte e vida.
Olhar para esses pontos possibilita o mergulho em nossas emoções e então podemos ressurgir e reinventar em direção aos céus, em direção a quem somos, entrar em contato com as lembranças da infância e de como brincava sem tantas preocupações, sendo brincalhona e divertida, as vezes a vida pede isso da gente, para ser leve e encontrarmos a nossa verdade, transformar nossas vidas de forma que nos sintamos satisfeito com aquilo que entregamos ao mundo, nas nossas relações pessoais e em como produzimos o nosso trabalho. A reconstrução que acontece externamente reverbera na reconstrução interna. Ao organizar o externo, potencializamos a reconstrução interna, tendo consciência daquilo que foi e já não é mais, onde abre para a oportunidade de ser ainda melhor do que um dia já foi.
Este é um convite para a resiliência e esperança, como uma criança que sonha.
Em casos onde, ocorre dificuldade em olhar para a vida com esperança, pode ser necessário o suporte de profissionais da psicologia e psiquiatria. É bom ter com quem contar em momentos difíceis e que possam auxiliar nesse processo de reconstrução e retomada da vida.
Eu sou Marina, sou psicóloga e espero de alguma forma ter contribuído em sua vida.
Até a próxima terça-feira!
Formada em psicologia em 2019 Marina realizou especializações em Saúde Mental e Atenção Psicossocial, Educação Especial e Avaliação Psicológica e atualmente se dedica aos estudos da Neuropsicologia e ABA aplicada para o Transtorno do Espectro Autista e Deficiência Intelectual. Tem experiência também no Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e com atendimentos clínicos para diversos públicos, em especial para Transtornos do Neurodesenvolvimento.
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