Quinze pessoas são condenadas por esquema de adulteração de leite no Rio Grande do Sul

Operação Leite Compen$ado 8 revelou fraude com adição de produtos químicos e lavagem de dinheiro.

13/10/2025

Por @ClicdoVale | contato@clicdovale.com.br
Em Polícia e Trânsito

Quinze denunciados pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) foram condenados nesta sexta-feira, 10 de outubro, por envolvimento em um esquema de adulteração de leite cru refrigerado, lavagem de dinheiro e participação em organização criminosa.

As penas, que variam entre sete e 16 anos de reclusão, foram fixadas em regime fechado, embora todos os réus possam recorrer em liberdade.

As condenações são resultado da Operação Leite Compen$ado 8, deflagrada em maio de 2015 nos municípios de Campinas do Sul, Jacutinga e Quatro Irmãos, sob coordenação das Promotorias de Justiça Especializada Criminal e de Defesa do Consumidor. A ação teve como objetivo desarticular um grupo que fraudava o leite com água e produtos químicos como ureia, soda cáustica e álcool, utilizados para mascarar a adulteração e enganar o controle de qualidade.

Durante a operação, coordenada pelos promotores de Justiça Mauro Rockenbach e Alcindo Luz Bastos da Silva Filho, foram apreendidos insumos e produtos lácteos impróprios para consumo, além de efetuadas prisões preventivas.

As investigações apontaram que os crimes eram praticados de forma estruturada e contínua, com divisão de tarefas entre os envolvidos e uso de transações financeiras fraudulentas para ocultar os lucros obtidos. Escutas telefônicas comprovaram as adulterações realizadas durante o transporte do leite na Região Norte do Estado.

Relembre as fases da Operação Leite Compen$ado:

1ª fase (Maio de 2013)
Foram realizadas oito prisões de suspeitos ligados a transportadoras em Ibirubá, Horizontina, Selbach, Tapera e Guaporé. A investigação revelou o uso de ureia para mascarar a adição de água de poço ao leite. Amostras coletadas em supermercados de Porto Alegre confirmaram fraude em 14 lotes de leite UHT.

2ª fase (Maio de 2013)
Cinco prisões ocorreram em Rondinha, Boa Vista do Buricá e Horizontina. Entre os detidos estava um vereador e empresário do setor. Em uma das residências, foi encontrada a fórmula usada na adulteração do leite.

3ª fase (Novembro de 2013)
Pela primeira vez, foi detectada a presença de água oxigenada no leite. A operação cumpriu mandados em Três de Maio e Nova Candelária, onde uma família inteira atuava na fraude.

4ª fase (Março de 2014)
Após seis condenações anteriores, a nova etapa prendeu um empresário em Condor e apreendeu mais de meia tonelada de soda cáustica. Foram cumpridos mandados em oito municípios, incluindo Santo Augusto, Ijuí e Panambi.

5ª fase (Maio de 2014)
Nesta etapa, duas indústrias de laticínios — uma localizada em Paverama e outra em Imigrante — foram alvo das investigações. Os proprietários foram presos por determinarem a adição de soda cáustica, bicarbonato de sódio e água oxigenada no leite. A operação teve prisões em 10 cidades do Vale do Taquari e Vale do Sinos. Também houve cumprimento de ordens judiciais em Guaporé, Teutônia, Arroio do Meio, Encantado, Venâncio Aires, Marques de Souza, Travesseiro, Novo Hamburgo e Cruzeiro do Sul. Um dos presos ficou conhecido como o “alquimista” da adulteração.

6ª fase (Junho de 2014)
A operação teve ramificações no Paraná, com quatro presos. Foram 16 mandados judiciais em Londrina, Pato Branco e municípios gaúchos como Ijuí, Campina das Missões e Cruz Alta.

7ª fase (Dezembro de 2014)
Um posto de resfriamento foi interditado em Jacutinga, e outro ficou sob fiscalização. Havia adição de sal no leite adulterado. A ação envolveu 34 mandados de prisão e busca em seis municípios do Norte do Estado.

8ª fase (Maio de 2015)
Oito prisões e apreensões de produtos químicos marcaram a fase que gerou as condenações anunciadas nesta sexta-feira. Foi comprovada tentativa de repassar leite com larvas e adição de ureia, álcool e soda cáustica. O grupo coletava leite vencido, misturava com o “novo” e adulterava o produto antes de vender.

9ª fase (Setembro de 2015)
O MPRS comprovou que leite azedo era vendido como saudável. Houve quatro prisões em Esmeralda e Água Santa, além da apreensão de caminhões.

10ª fase (Outubro de 2015)
Donos de laticínios foram presos em ação simultânea à Operação Queijo Compensado 2. Os mandados ocorreram em Venâncio Aires, Lajeado, Arroio do Meio, Montenegro e Carlos Barbosa. Um dos empresários já havia sido denunciado 14 vezes por fraude no leite.

11ª fase (Julho de 2016)
Pela primeira vez, foi comprovada a presença de coliformes fecais, além de amido e água oxigenada. Houve prisões em São Pedro da Serra, Caxias do Sul, Estrela e Novo Hamburgo. O responsável pelo serviço de inspeção municipal de São Pedro da Serra foi afastado.

12ª fase (Março de 2017)
Cinco prisões foram efetuadas em laticínios de Nova Araçá, Casca, Marau, Estrela e Travesseiro. O MPRS divulgou áudios em que fraudadores debochavam, afirmando que o produto “serviria apenas para alimentação de animais”.

13ª fase (Dezembro de 2024)
A fase mais recente teve como alvo a empresa Dielat Laticínios, em Taquara, no Vale do Paranhana. Foram cumpridos quatro mandados de prisão contra empresários do Rio Grande do Sul e de São Paulo, com ações em Taquara, Parobé, Três Coroas, Imbé e na capital paulista.

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