Vendo o momento de mobilização regional em busca de um doador compatível de Medula Óssea para a paveramense Jaqueline Kolling Borges, o Clic Paverama, o Clic do Vale! traz hoje uma história de doação de Medula Óssea entre irmãos, que ocorreu em 2006. A história é dos irmãos Derli de Souza, 65 anos e Darlan de Souza, 63 anos, naturais de Paverama.

Em 2003, Derli conta que tudo começou com um leve cansaço, que foi aumentando e não condizia com sua rotina, na época ele trabalhava em uma padaria. A fadiga foi aumentando o levando a desmaios. Essas reações de seu organismo fizeram com que buscasse auxílio médico. O resultado foi impactante, Derli foi diagnosticado com Leucemia – (LLC - Leucemia Linfoide Crônica).

“Eu branquiei, fiquei sem reação quando recebi a notícia. Mas o médico me perguntou se tinha irmãos, que aí começaríamos a preparação para doação de medula óssea” disse.

Antes dos exames de compatibilidade a medida tomada foi  fazer sessões de quimioterapia para tentar controlar a doença. As quimioterapias iniciaram em 2003, conforme ele foram realizadas 30 sessões. Mas elas não foram o bastante e Derli foi obrigado a fazer o transplante de medula.

Neste momento é onde entram os seus irmãos. Derli é o filho primogênito de seu Gaspar Moraes de Souza (in memorian) e Serenita Alves de Souza, além dele, o casal teve mais 7 filhos, 4 homens e 4 mulheres.

O primeiro passo foi de fazer os exames nos homens. “Quando eu saí de casa eu falei, estava sentindo que seria o doador que meu irmão precisava” destaca Darlan.

Ao fazer os exames de compatibilidade, os papeis comprovaram o pressentimento de Darlan, dos 3 irmãos apenas ele foi compatível com Derli.  A partir dali iniciaram os procedimentos para o transplante, que ocorreu no ano de 2006.

Existem duas formas de doar as células progenitoras ou células-mãe da medula óssea. Uma relacionada à coleta das células diretamente de dentro da medula óssea (nos ossos da bacia) e a outra por filtração de células-mãe que passam pelas veias (aférese). No caso de Darlan, foi por aférese devido às hérnias que tinha na coluna.

Após o procedimento realizado, Derli ficou um mês isolado no Hospital em Porto Alegre devido ao seu estado de saúde, que estava com imunidade baixa devido ao tratamento. Após isso, mais um mês e meio morando em uma casa de passagem na Capital em função do tratamento diário na casa de saúde. Quando retornou para sua residência, teve que morar isolado, em uma casa alugada, pois havia uma construção ao lado de sua morada, que poderia acarretar em problemas para sua recuperação em caso de inalar poeira.

“Eu saí de casa no dia 6 de março e retornei no dia do meu aniversário, 10 de agosto. Tinham muitas pessoas me esperando, mas como eu estava com a imunidade baixa não podia ter contato. Mas fiquei muito feliz” destacou.

Cerca de cinco ano depois, após muitos cuidados, com medicação, alimentação e consultas periódicas Derli foi liberado e até hoje vive uma vida normal, sem sequer tomar qualquer tipo de remédio.

“Minha família me ajudou muito... Mas eu nunca pensei que iria morrer, eu tinha muita fé. Coragem. O médico chegou a dizer que isso era 50% da minha cura” disse.