Depois das águas baixarem e as residências que se mantiveram de pé terem sido limpas, as famílias começam a buscar novos lares, mas encontram os espaços vazios, sem móveis ou eletrodomésticos básicos e necessários para seguir em frente e recomeçar.

Diante disso e atento às necessidades das comunidades onde está inserido, o Sicoob continua auxiliando as famílias mais atingidas, ouvindo as demandas e se somando ao empenho de entidades, órgãos públicos e voluntários que identificam, lá na "ponta", as dificuldades dessa etapa da reconstrução do Rio Grande do Sul após a tragédia das enchentes.

No Vale do Taquari, a agência do Sicoob São Miguel, em Lajeado/RS, entre outras ações, está apoiando a iniciativa do Sindicato dos Contadores e Técnicos em Contabilidade do Vale do Taquari (Sincovat), que numa das frentes de trabalho busca a doação de móveis e eletrodomésticos às famílias impactadas na região.

A cooperativa destinou recursos financeiros, disponibilizados pelo Instituto Sicoob, para a compra de móveis e eletrodoméstico por parte do comitê de crise do Sincovat. A aquisição ocorre em empreendimentos locais, privilegiando o comércio da região e movimentando a economia do Vale. Essas doações estão sendo encaminhadas às famílias necessitadas, conforme cadastro prévio feito pela entidade de profissionais contábeis.

Sabrina Ribeiro com o marido e a filha em frente à nova moradia, em Lajeado/RS, no dia em que receberam as doações do Sincovat adquiridas com recursos destinados pelo Instituto Sicoob.

Recomeço:

"Minha família não tem palavras para agradecer todas as doações recebidas. Nosso coração está transbordando de felicidade em podermos ter um novo recomeço. Para nós significa muito ganhar o que a gente perdeu. Não tem sensação melhor que o sentimento de gratidão. Que Deus continue abençoando vocês cada vez mais. Obrigado, de coração, vocês são incríveis." As palavras são da Sabrina Duarte Ribeiro (32), de Lajeado. A profissional de serviços gerais residia com o marido Luís José Vieira (34) e a filha Nayla (6) no Bairro Conservas e teve a casa devastada pela enchente do Rio Taquari.

Com isso, a família teve que se mudar. A nova residência está no Bairro Santo Antônio, no mesmo município, e já recebeu doações de móveis e eletrodomésticos adquiridos pelo Sincovat com recursos do Sicoob e outros parceiros.

Dias intensos e verdadeiros:

Numa frase a voluntária Nicole Schneider, diretora financeira do Sincovat, resume muitos sentimentos: "se amanhã eu não estivesse mais aqui, posso dizer que todos os tombos que levei foram necessários para viver, no meio da tragédia, os dias mais intensos e verdadeiros da minha vida."

Ela e a amiga Fran Daldon estão entre os cidadãos que trabalham, incansavelmente, pelo próximo, nesse movimento solidário e de união que a tragédia climática renovou no Vale do Taquari. Mais que organizar a coleta de donativos, procurar espaço para guardar esses materiais e fazer a ponte para que cheguem a quem realmente precisa, elas se envolvem emocionalmente com essas famílias. "Com uma lista gigantesca de pedidos, só rezando para Deus.

E sempre funciona, não tem explicação. Embora a gente nunca soubesse o caminho, sempre soubemos onde queríamos chegar", destaca Nicole, que sempre fez trabalho voluntário e viu essa rotina tomar outras proporções em setembro de 2023, após os episódios da primeira grande cheia na região, e quando ela conheceu sua fiel escudeira.

União de esforços:

Com a terceira grande enchente, em maio de 2024, a dupla viu muitas mãos se somarem à solidariedade, numa verdadeira construção coletiva. "Conhecemos pessoas que pensam como a gente, que vieram somar nesse movimento transformador. Assim também foi com o apoio do Sicoob, de repente, pelas mãos de alguém superior que une propósitos", revela Nicole.

Emocionada com o envolvimento da cooperativa na causa e pelo próximo, ela agradece a todos que têm contribuído com a mobilização capitaneada pelo Sincovat como entidade representativa, movimentada por cidadãos e apadrinhada por uma sociedade que pratica a empatia. "Esse auxílio transforma a vida de famílias que estão tentando recomeçar a vida, reestabelecendo seus lares. Sem esse olhar de organizações como o Sicoob, nada disso aconteceria. Somos apenas a ponte, junto com uma enorme vontade de fazer a nossa parte no meio da tragédia", valoriza a contadora.

A gerente da agência do Sicoob São Miguel, instalada no Bairro São Cristóvão, em Lajeado, Jaqueline Herrmann da Silva, destaca a mobilização nacional em prol do povo gaúcho. "O Sistema Sicoob, com o aporte financeiro da Campanha de Doações Emergenciais SOS Rio Grande do Sul, mobilizada pelo Instituto Sicoob, está dando a sua contribuição nesse momento de reconstrução do Estado. Além dos valores recebidos em doação, o Sicoob dobrou esses recursos financeiros com aportes extras, e tem possibilitado que cheguem e auxiliem quem precisa, transformando-se em doações em benefício da sociedade como um todo", explica.

Citando como exemplo a agência de Lajeado, ela recorda que a mobilização iniciou logo na segunda semana de maio, no auge da catástrofe, quando foram entregues as primeiras cestas básicas, além de recursos aportados para atender necessidades pontuais de cada momento, como a doação de produtos de limpeza e higiene pessoal, sempre por intermédio de alguma entidade local. "A mobilização não pode parar. Por isso, uma das frentes de apoio, nesse momento, tem relação com a reconstrução de moradias, quando contamos com esse importante trabalho do Sincovat. Percebendo esse movimento, o Sicoob acionou a entidade e se colocou à disposição para auxiliar e atender demandas identificadas a partir do mapeamento realizado. Esse olhar atento oportuniza que sejamos assertivos nas doações", conclui Jaqueline.

Mobilização que segue:

A campanha do Sincovat já alcançou doações para famílias de diversos municípios do Vale do Taquari, principalmente nas cidades de Lajeado, Estrela, Cruzeiro do Sul e Arroio do Meio. O trabalho acontece desde setembro do ano passado e, no dia 1º de maio de 2024, tomou outra proporção, quando todos foram surpreendidos com uma catástrofe ainda maior.

Na primeira etapa foram realizados atendimentos às necessidades básicas para sobrevivência, com o Sincovat custeando o combustível, abrigo e alimentação da infraestrutura de operação com helicópteros, além de organizar a doação de água, alimentos, remédios, fórmula de leite para bebês e o transporte de pacientes em situação de emergência.

Em julho a mobilização ingressou numa segunda etapa, que trata de mobiliar os lares para o retorno das famílias. Não há uma data até quando a campanha terá continuidade, vai depender do recebimento dos recursos de doação que podem ser realizados para o PIX oficial do Sincovat, chave 90803974000104 (CNPJ) ou adquirindo itens que auxiliem a mobiliar as casas das famílias que constam no cadastro da entidade.

Levantamento das principais necessidades aponta para geladeiras, máquinas de lavar, roupeiros, mesas com cadeiras, sofás, fogões, toalhas e roupas de cama, cobertores e utensílios de cozinha (panelas, talheres, pratos, copos, xícaras, potes e panos de prato).

Para que as famílias atingidas tenham acesso aos donativos, é necessário que efetuem cadastro junto ao Sincovat. São pré-requisitos ter vínculo de emprego e estar em um endereço que não pegue enchente. "Depois de atender os pré-requisitos, realizamos o cruzamento das informações com as prefeituras. Se mesmo assim permanecer alguma dúvida, vamos até a casa da família", explica Nicole.

Mais informações podem ser obtidas na página do Sincovat no Instagram (@sincovat_vt).

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