Apicultor paveramense tem aumento na produção de mel
A falta de chuvas, tão prejudicial para grande parte dos cultivos, acaba favorecendo a safra de mel, que poderá ter um aumento de até 50% no volume colhido do produto, nas colmeias.
21/05/2020
Por Clic Paverama | contato@clicpaverama.com.br | Clic do Vale
Em Agricultura e Meio Ambiente
“Infelizmente, por causa da estiagem, um ano ruim para a agricultura será um ano bom para a apicultura”. A frase dita para apicultor Celso Borba, de Paverama, resume, em partes, a sensação vivida pelos produtores de mel dos vales do Taquari e Caí. A falta de chuvas, tão prejudicial para grande parte dos cultivos, acaba favorecendo a safra de mel, que poderá ter um aumento de até 50% no volume colhido do produto, nas colmeias. No caso de Borba, a colheita do ano passado foi de, em média, 40 quilos por caixa. “Em 2020 esse número pode chegar próximo dos 60 quilos por colmeia”, calcula.
A explicação para este cenário favorável, de acordo com o apicultor, tem a ver com o fato de, em épocas de estiagem, a floração ocorrer em períodos mais espaçados e não toda de uma vez só, como acontece em situação de normalidade climatológica. A explicação de Borba é avalizada pelo zootecnista da Emater/RS-Ascar, João Sampaio, que afirma que a falta de precipitações em ambas as regiões têm contribuído para que as abelhas fiquem mais livres para a visitação das floradas, com as plantas mantendo suas estruturas mais preservadas. “Isto oportuniza uma maior troca de pólen e a consequente reprodução vegetal”, enfatiza.
Indo um pouco mais a fundo na explicação, Sampaio argumenta que o pólen, além de ser um gameta reprodutivo, é para as abelhas a grande fonte de proteína que estimula sua reprodução, o que também aumenta o número de abelhas nos enxames. “Já o néctar é uma substância atrativa, pois possui grande concentração de açúcares e é a fonte de energia para a produção do mel”, salienta. Nesse sentido, Sampaio acredita que a estiagem se apresenta como uma situação favorável para economia de energia das abelhas e para a reservação do alimento para os períodos mais frios. “E isto já começa a ser observado”, garante.
Sobre o preço pago para o agricultor, o que sempre pode ser uma preocupação quando a oferta é muito grande, ambos afirmam que pode haver perdas, especialmente no mercado externo já que a pandemia acaba por represar a produção. Borba avalia que a abertura vagarosa ao mercado externo pode representar recuperação do preço pago ao apicultor, diferentemente do que ocorre na venda direta, que teria mantido certa estabilidade. “Mas em geral pode-se dizer que a safra será, como um todo, satisfatória”, completa.
Nos 55 municípios que integram o Escritório Regional da Emater/RS-Ascar - que atua em parceria com a Secretaria de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr) do Governo do Estado – são 945 apicultores que produzem mel em 18.941 colmeias. Durante o ano de 2020, o serviço de Extensão Rural deverá acompanhar 270 produtores e 10.027 colmeias. A produção total deverá ser de mais de 290 toneladas de mel, com uma média de 28,9 quilos por colmeia. “Atualmente, já foram colhidas 72 toneladas do produto, com 93 agricultores envolvidos”, finaliza Sampaio.
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