De Paverama para a Irlanda

O Clic Paverama conversou com Eduardo Eggers, paveramense que reside em Dublin, desde 2015. Confira o Paveramenses #PeloMundo desta semana.

11/04/2018

Por Clic Paverama
Em Pelo Mundo:

O Clic Paverama nesta edição do Paveramenses Pelo Mundo dá um "pulo" até a Irlanda, para falar com Eduardo Eggers. O Paveramense, junto de sua esposa, Renata Agostini, residem desde 2015 em Dublin, e, em 6 perguntas ele nos resume um pouco de como foi a chegada ao páis, a adaptação e o cotidiano do casal em terras irlandesas.

Desde quando reside na Irlanda?

Eu e minha então namorada - hoje esposa - Renata nos mudamos para Dublin em setembro de 2015.

Foi para lá com o intuito de morar? Ou com o passar do tempo resolveram ficar na Europa?

Viemos como estudantes de inglês, com a intenção inicial de ficar um ano, que era o tempo do visto. Acabamos nos adaptando e gostando e conseguimos as documentações para poder residir na Irlanda.

Como foi a adaptação? A questão cultural de que forma te impactou? 

Sempre há diferenças culturais, mas acredito que hoje com a internet já se vai para um novo país com mais informações sobre as características do povo que lá vive.

Uma das principais diferenças do irlandês para o brasileiro, na minha opinião, é que aqui não se tem a cultura de abraçar e dar tapas nas costas. Isso só é feito entre familiares ou amigos muito próximos. Apesar disso, os irlandeses têm por característica conversar bastante. São super comunicativos e abertos ao diálogo.

Outra questão cultural que eu até hoje não me adapto é o hábito que eles têm de apenas fazer um lanche na hora do almoço, ao invés de comer algo com mais sustância. Para eles o café da manhã e a janta têm comida mais reforçada, enquanto o almoço só tem sanduíche e outros lanches. Nesse ponto eu prefiro manter a tradição brasileira de ter o almoço como principal refeição do dia.

Como foi deixar a vida no Brasil, de jornalista e ir viver outra cultura? Como surgiu essa ideia/possibilidade?

Nada fácil, especialmente porque toda a nossa família e amigos de longa data estão no Rio Grande do Sul. Tanto eu quanto a Renata tínhamos carreira de jornalista em andamento há mais de cinco anos. Literalmente trocamos o certo pelo duvidoso. Porém é uma experiência gratificante pelo conhecimento adquirido. Tem que se adaptar, aprender, improvisar e melhorar todos os dias. O fato de ter muitos brasileiros aqui (cerca de 20 mil) ajuda a mantermos atividades mais próximas da nossa cultura.

A ideia de vir para a Irlanda se deu pelo fato de que nós dois tínhamos o sonho de morar fora por um período para melhorar nosso inglês e ter essa carga de experiência para o presente e o futuro. A escolha pela Irlanda foi pela facilidade que se tem aqui para conseguir visto de estudante de inglês e pelo fato de ser na Europa, abrindo a chance de conhecer os países próximos.

Vocês tiveram um momento mágico, que foi voltar ao Brasil e casar. Como foi esse momento?

Foi fantástico, inesquecível. Fomos para o Brasil de férias após quase dois anos e meio morando na Irlanda. Queríamos demais rever nossas famílias e amigos. Foi ótimo ver e conversar com todos e rever os lugares onde nascemos e crescemos. A ideia de casar durante o período em que estivéssemos aí surgiu algum tempo antes de comprarmos a passagem. Foi um momento de celebrar nossa união com aqueles que mais amamos. Um dia que em nossos corações vai durar para sempre.

Conte-nos mais sobre seu cotidiano e de sua esposa na Europa.

Durante a semana nós trabalhamos, fazemos atividades físicas e encontramos amigos que fizemos aqui. Aos fins de semana ou quando temos férias gostamos de passear pelo interior da Irlanda, que tem lugares maravilhosos com castelos e natureza, ou viajar para outros países europeus, o que é muito acessível por aqui. Também participamos das missas semanais para brasileiros e das atividades do grupo de jovens da Igreja, do qual a Renata faz parte da coordenação.

Sempre tem muitas coisas para fazer quando se vive no exterior. São muitos desafios e momentos de instabilidade. Muitas portas são fechadas pelo simples fato de você não ter nascido no lugar, e tantas outras se abrem pela sua vontade de buscar o seu espaço. A experiência e o aprendizado são incríveis e já valeram muito a pena, independente de quanto tempo permanecermos aqui.

Recentemente o casal concedeu entrevista à Rádio Independente de Lajeado, confira na íntegra:

O casal de jornalistas Eduardo Eggers e Renata Agostini residem na Irlanda desde setembro de 2015. Foram para o país, localizado em uma ilha na Europa, para terem maior fluência no inglês. Inicialmente, estava previsto para ficarem um ano. Porém, vislumbraram oportunidades de crescimento na Irlanda e, desde então, não haviam retornado para o Vale do Taquari, região de origem do casal.

Conforme eles, além da língua — Eggers tinha mais familiaridade com o idioma —, um perrengue que tiveram que enfrentar foi encontrar uma moradia. No início, dividiram por quatro meses um local com um casal de chineses, com o qual ainda possuem ligação até hoje. Atualmente, residem em Dublin com um colega de Farroupilha.

Foi um fator determinante para permanecerem na Irlanda a identificação com a cultura local. “Nós nos identificamos muito com a cultura deles. Assim como o povo do Rio Grande do Sul, eles também preservam muito as suas tradições, a sua cultura”, diz Eggers.

O primeiro a conseguir um emprego no novo país foi Renata. Foi de vendedora de raspadinha. Para ela, o irlandês é, de modo geral, receptivo. Há cerca de 20 brasileiros na Irlanda, a maioria em Dublin. A maioria dos imigrantes que residem no país são poloneses, indianos e chineses, percebem.

Jornalistas de formação, ambos atualmente não atuam na área. Eggers trabalha no setor de recursos humanos de uma empresa, e Renata, antes do retorno ao Brasil, trabalha como babá em uma casa de irlandeses. “No momento que tu chega, não tem muito o que escolher”, reconhece Eggers. Apesar disso, nesse período, já realizaram atividades em sua área, como freelancer.

Apesar de longes do Estado de origem, eles não deixam de tomar o chimarrão — mas uma vez por semana, para poupar erva-mate. O produto comercializado na Irlanda vem de outros estados brasileiros, e o casal prefere a erva gaúcha. Daí levam do Rio Grande do Sul.

Questionados se os pubs irlandeses são tudo isso, mesmo, respondem prontamente: “É tudo isso e muito mais”. “Nós adoramos os pubs, e não é só pela questão de beber; é o ambiente todo”, diz Eggers. Renata complementa: “é um ponto de encontro que tem história e cultura reunido”. 

 

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