Desavença financeira teria motivado assassinato de gerente de banco em Anta Gorda
Homem de 52 anos, apontado como suspeito pelo crime, foi preso na manhã desta quarta-feira (23), no Litoral Norte.
24/01/2019
Por Clic Paverama | contato@clicpaverama.com.br | Clic do Vale
Em Polícia e Trânsito
Uma desavença financeira com um vizinho teria motivado o assassinato do gerente do banco Sicredi Jacir Potrich, 55 anos, que estava desaparecido há mais de dois meses em Anta Gorda, no Vale do Taquari. Na manhã desta quarta-feira (23), um homem de 52 anos foi preso temporariamente por suspeita de homicídio qualificado e ocultação de cadáver.
Em coletiva de imprensa na tarde desta quarta-feira, na Câmara de Vereadores de Anta Gorda, o delegado Guilherme Pacífico afirmou que o suspeito é um vizinho do bancário, que trabalha como dentista e que vivia no mesmo condomínio fechado que Potrich. O nome dele não foi divulgado. Segundo Pacífico, o homem não tinha antecedentes criminais, tinha nível superior e vivia em uma casa de alto padrão.
— O caso beira a passionalidade — garante o delegado.
Os dois eram amigos, mas teriam se tornado "inimigos" após uma mudança de endereço do banco Sicredi na cidade. Segundo Pacífico, o imóvel anterior era de propriedade do vizinho e com a troca de lugar o homem se se sentiu "traído" por não ter sido avisado por Potrich.
A investigação chegou até o suspeito preso nesta manhã, em Capão da Canoa, após análise minuciosa das imagens de câmeras de segurança. A gravação mostra o momento que o bancário chega ao condomínio após uma pescaria e é visto por último em um quiosque.
Segundo o delegado, Potrich e o vizinho permaneceram meia-hora juntos na área de lazer do condomínio. Depois, o outro morador é visto deixando o local, vindo a subir em seguida no telhado para ter uma visão geral da propriedade.
— Ele retorna para o quiosque e, no trajeto, vai até local onde são guardados produtos de limpeza. Nesse momento, ele levanta as câmeras que ficam ao fundo da residência. Ele faz isso com cautela para não perder foco, não prejudicar o funcionamento da câmera, aponta com a vassoura — observa o delegado.
Delegado Guilherme Pacífico durante coletiva de imprensa nesta quarta-feira, em Anta GordaAndré Ávila / Agencia RBS
Imagens de câmeras e o corpo:
As imagens estavam em um computador do homem preso e, para ter acesso a elas, a polícia teve acesso à memória do dispositivo. O vizinho demonstrou preocupação no momento que os agentes insistiram para obter o material gravado. Segundo Pacífico, a investigação não aponta a participação de outras pessoas.
Segundo a delegada Roberta Bertoldo, da especializada em homicídios em Porto Alegre e que auxiliou nos trabalhos, o homem ficou em silêncio durante a prisão. Não houve resistência no momento em que foi detido.
— Ficou completamente indiferente. Você aceitaria com indiferença uma prisão por homicidio? — afirmou a delegada.
Ao longo das investigações, a polícia se deparou com hipóteses do que poderiam ter acontecido. Segundo o delegado, no dia do desaparecimento o bancário havia ido fazer uma cobrança na casa de uma família que já o havia ameaçado de morte e que tem extensa ficha criminal.
Além disso, os investigadores desconfiaram da vinda de um sobrinho da mulher de bancário para Anta Gorda. No momento que ele deveria estar em casa, o familiar estava pintando o cabelo, o que levantou as suspeitas da polícia. A investigação não descarta que o corpo tenha sido retirado do condomínio já que a polícia analisou as imagens de câmeras até a meia-noite do dia do sumiço.
Bancário sumiu após pescaria:
O gerente sumiu em 13 de novembro. No dia, ele foi um dos primeiros a chegar ao banco e saiu do local por volta das 15h30min. Dali, foi até a propriedade de um conhecido, no interior da cidade, que estava fazendo aniversário. Aproveitou para pescar.
Imagens de câmeras de segurança mostram a chegada dele ao condomínio às 19h07min. O bancário entrou na casa e passou pela porta dos fundos. Na residência, limpou os peixes, tomou caipirinha e foi até um quiosque na área comum do condomínio fechado onde reside. A partir dali, não foi mais visto. Metódico, deixou facas e outros utensílios sujos em cima de um balcão, o que chamou a atenção da família e da polícia.
Na época do desaparecimento um açude, ao lado do quiosque, foi esvaziado e buscas com cães farejadores foram feitas em perímetro de dois quilômetros quadrados.
Potrich morava na casa com a mulher Adriane Balestreri Potrich, 53 anos, e com o sobrinho Arthur Balestreri, 24. O jovem está na cidade há oito meses. No dia do sumiço, Adriane tinha ido visitar o filho do casal em Passo Fundo. O sobrinho era o único da família que estava na cidade. Segundo o delegado, ele permaneceu o dia no escritório. Passou em dois lugares antes de ir para casa e perceber a falta do tio.
Fonte: GaúchaZH