Crise no Oriente Médio: entenda a guerra entre Israel e Irã e seus desdobramentos
Professor Mateus Dalmáz, da Univates, analisa os impactos do confronto militar mais tenso da região nas últimas décadas.
25/06/2025
Por @ClicdoVale | contato@clicdovale.com.br
Em Educação e Cultura
O conflito entre Israel e Irã atingiu um dos momentos mais críticos da história recente do Oriente Médio. Desde meados de junho de 2025, os dois países têm protagonizado ataques aéreos, lançamentos de mísseis e represálias violentas, criando um cenário de guerra com potencial de impacto global.
A crise ganhou força após bombardeios israelenses a instalações estratégicas no Irã. Em resposta, o governo iraniano lançou mísseis e drones contra cidades israelenses, como Haifa, Be’er Sheva e Tel Aviv. Apesar de um cessar-fogo proposto por líderes internacionais, os ataques persistem, levantando dúvidas sobre a estabilidade do acordo.
Linha do tempo do conflito:
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13/06: Israel bombardeia alvos do Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica e instalações nucleares iranianas.
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15/06: O Irã responde com ataques a mísseis balísticos e drones sobre cidades israelenses.
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19/06: EUA enviam bombas do tipo “bunker-buster” para Israel, visando bunkers nucleares iranianos.
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22/06: Irã dispara mísseis contra a base aérea americana de Al Udeid, no Catar.
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23/06: Donald Trump propõe cessar-fogo gradual; Irã aceita paralisação inicial.
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24/06: Mesmo após o acordo, novos ataques são registrados; Israel bombardeia Teerã.
Por que a guerra começou?
Segundo o professor Mateus Dalmáz, historiador e docente de Relações Internacionais da Univates, o conflito é resultado de quatro fatores principais:
1. Demonstração de força pós-Hamas:
Após o ataque do Hamas a Israel em outubro de 2023, Tel Aviv buscou reafirmar seu poder regional. O grupo radical, apoiado pelo Irã, foi responsável pelo lançamento de milhares de foguetes a partir da Faixa de Gaza. A resposta israelense envolveu ofensivas em Gaza, Síria, Líbano e até no Iêmen contra os Houthis – aliados de Teerã. A escalada culminou nos ataques diretos ao Irã em 2025.
2. Crise interna no governo Netanyahu:
O conflito também tem servido como ferramenta política para o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, desgastado por críticas internas e internacionais. Escândalos de corrupção, falhas de inteligência e uma controversa reforma judicial afetaram sua imagem. A guerra, nesse contexto, surge como forma de projetar liderança e desviar o foco de crises domésticas.
3. Programa nuclear iraniano:
O temor de que o Irã esteja prestes a obter uma arma nuclear alimenta o conflito. Israel e Estados Unidos têm criticado o rápido enriquecimento de urânio por Teerã (chegando a 60%), a resistência iraniana a inspeções da AIEA e a possível capacidade de construir bombas. O objetivo militar israelense é claro: desmantelar a infraestrutura nuclear do país persa.
4. Fragilidade internacional do Irã:
Além das sanções e da vulnerabilidade interna, o Irã perdeu apoio de aliados importantes. O colapso do regime sírio, a guerra na Ucrânia que limita o apoio russo, e o enfraquecimento de grupos como Hezbollah e Houthis deixam Teerã isolado. Israel aproveita essa conjuntura para atacar, enquanto os EUA reforçam sua posição unilateralista sob influência da política externa de Donald Trump.
O que esperar daqui para frente?
O envolvimento crescente dos Estados Unidos – e a possibilidade de novos atores entrarem no conflito – aumentam o risco de uma guerra regional ampla. No entanto, uma mobilização diplomática internacional, incluindo países do Sul Global e da União Europeia, pode forçar o retorno a um novo acordo nuclear, nos moldes do assinado em 2015.
Além do impacto humanitário e militar, os reflexos do conflito já se fazem sentir na economia mundial, com alta no preço do petróleo, instabilidade nos mercados financeiros e preocupações com a segurança internacional.
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