Ex-ministro Geddel Vieira Lima é preso pela Polícia Federal na Bahia
Político é suspeito de tentar evitar que Eduardo Cunha e Lúcio Funaro firmem acordo de delação premiada.
Por Desconhecido
Em Política
(Foto: Valter Campanato /Agência Brasil)
O ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) foi preso preventivamente nesta segunda-feira (3), pela Polícia Federal (PF), na Bahia. Conforme a PF, Geddel é suspeito de tentar obstruir investigação que apura irregularidades na liberação de recursos da Caixa Econômica Federal.
Como a prisão é preventiva, o político segue detido por tempo indeterminado. Os investigadores se basearam em elementos levantados a partir dos depoimentos do doleiro Lúcio Bolonha Funaro, apontado como operador de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), Joesley Batista, um dos donos da JBS, e do diretor jurídico do grupo J&F, controladora da JBS, Francisco de Assis e Silva.
Segundo a publicação, o ex-ministro do governo Temer foi preso dentro da Operação Cui Bono, que apura suspeitas de irregularidades de pagamento de propina na liberação de financiamento de R$ 4,3 bilhões da Caixa Econômica Federal para empresas, entre elas as da holding J&F. Geddel foi vice-presidente de Pessoa Jurídica do banco estatal.
A força-tarefa da Lava-Jato alega que o ex-ministro "tem agido para atrapalhar as investigações". A atuação de Geddel seria para evitar que Cunha e Funaro firmem acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal (MPF). O político estaria agindo para garantir vantagens indevidas para ambos, além de monitorar o comportamento de Funaro.
Conforme a PF, existem registros de mensagens enviadas recentemente — entre os meses de maio e junho — por Geddel à esposa de Funaro. O doleiro entregou à polícia cópias de diversas telas do aplicativo.
O ex-ministro, que era identificado pelo apelido "carainho", teria questionado a mulher de Funaro sobre a possibilidade do operador fechar acordo de delação premiada.
Leia a íntegra da nota do Ministério Público Federal:
Em cumprimento a uma ordem judicial que atendeu a pedido da Polícia Federal e da Força-Tarefa Greenfield – que também é responsável pelas operações Sépsis e Cui Bono - , foi preso nesta segunda-feira (3), o ex-ministro Geddel Vieira Lima. A prisão é de caráter preventivo e tem como fundamento elementos reunidos a partir de informações fornecidas em depoimentos recentes do doleiro Lúcio Bolonha Funaro, do empresário Joesley Batista e do diretor jurídico do grupo J&F, Francisco de Assis e Silva, sendo os dois últimos, em acordo de colaboração premiada. No pedido enviado à Justiça, os autores afirmaram que o político tem agido para atrapalhar as investigações. O objetivo de Geddel seria evitar que o ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e o próprio Lúcio Funaro firmem acordo de colaboração com o Ministério Público Federal (MPF). Para isso, tem atuado no sentido de assegurar que ambos recebam vantagens indevidas, além de “monitorar” o comportamento do doleiro para constrangê-lo a não fechar o acordo.
Na petição apresentada à Justiça, foram citadas mensagens enviadas recentemente (entre os meses de maio e junho) por Geddel à esposa de Lúcio Funaro. Para provar, tanto a existência desses contatos quanto a afirmação de que a iniciativa partiu do político, Funaro entregou à polícia cópias de diversas telas do aplicativo. Nas mensagens, o ex-ministro, identificado pelo codinome “carainho”, sonda a mulher do doleiro sobre a disposição dele em se tornar um colaborador do MPF. Para os investigadores, os novos elementos deixam claro que Geddel continua agindo para obstruir a apuração dos crimes e ainda reforçam o perfil de alguém que reitera na prática criminosa. Por isso, eles pediram a prisão “ como medida cautelar de proteção da ordem pública e da ordem econômica contra novos crimes em série que possam ser executados pelo investigado”.
Com a prisão de Geddel, passam a ser cinco os presos preventivos no âmbito das investigações da Operação Sépsis Cui Bono. Já estão detidos os ex-presidentes da Câmara, Eduardo Cunha e Henrique Eduardo Alves, o doleiro Lúcio Funaro e André Luiz de Souza, todos apontados como integrantes da organização criminosa que agiu dentro da Caixa Econômica Federal (CEF). No caso de Cunha, Alves e Funaro, já existe uma ação penal em andamento. Os três são réus no processo que apurou o pagamento de propina em decorrência da liberação de recursos do FI-FGTS para a construção do Porto Maravilha, no Rio de Janeiro. Além deles, respondem à ação, Alexandre Margoto e Fábio Cleto.
Mais sobre as investigações
Geddel Vieira Lima é um dos investigados na Operação Cui Bono. Deflagrada no dia 13 de janeiro, a frente investigativa tem o propósito de apurar irregularidades cometidas na vice-presidência de Pessoa Jurídica da Caixa Econômica Federal, durante o período em que foi comandada pelo político baiano. A investigação teve origem na análise de conversas registradas em um aparelho de telefone celular apreendido na casa do então deputado Eduardo Cunha. O teor das mensagens indicam que Cunha e Geddel atuavam para garantir a liberação de recursos por vários setores da CEF a empresas que, após o recebimento, pagavam vantagens indevidas aos dois e a outros integrantes do esquema, entre eles Fábio Cleto. Cleto, que ocupou por indicação de Eduardo Cunha a vice-presidência de Fundos de Governo e Loterias, foi quem forneceu as primeiras informações aos investigadores. Em meados do ano passado, ele fechou acordo de colaboração premiada com a Procuradoria Geral da República (PGR).
A defesa encaminhou um comunicado no começo da noite desta segunda-feira:
Rádio Gaúcha