Motorista é demitido por justa causa após falar mal do chefe em aplicativo de mensagens
Funcionário entrou com ação judicial e caso agora deve ser decidido pelo Tribunal Superior do Trabalho.
24/09/2017
Por Clic Paverama
Em Variedades
Um motorista foi demitido da empresa onde trabalhava após falar mal do chefe em um grupo de WhatsApp, em Joinville (SC). Os desabafos em áudio a colegas de trabalho vazaram e foram usados pela empresa para embasar a demissão por justa causa por quebra de confiança. A decisão fez o trabalhador perder direitos como aviso prévio, seguro-desemprego, multa e saque do FGTS.
A defesa do motorista recorreu sob argumento de violação da intimidade, já que nenhum colega admitiu o vazamento dos áudios. A alegação não convenceu a Vara do Trabalho de Joinville. Em segunda instância, o Tribunal Regional do Trabalho reverteu a justa causa. A empresa recorreu, e agora o caso deve ser decidido pelo Tribunal Superior do Trabalho.
— O grupo de WhatsApp é um grupo fechado. Você seleciona e controla quem participa. Faço até uma analogia que colocamos no processo judicial: reunir um grupo de amigos e ir pra mesa do bar. A conversa por aplicativo é o mesmo, só que digital. Diferente de publicar numa rede social, quando o conteúdo fica aberto — disse o advogado Peter Gambeta, que representa o motorista demitido.
Em todo o País, a Justiça do Trabalho tem validado a justa causa para publicações de trabalhadores falando mal da empresa ou do chefe em redes sociais abertas, como o Facebook. O artigo 482 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) estabelece a demissão por justa causa em casos de "atos lesivos da honra ou da boa fama praticados contra o empregador ou superiores hierárquicos".
No processo judicial do motorista de Joinville, a empresa afirmou que "a demissão foi motivada pela quebra da confiança, decorrente de reiterados atos faltosos, até culminar com o ato de improbidade que tornou impossível a continuidade do contrato de trabalho", e que nos áudios "o empregado extrapolou qualquer condição de respeito e civilidade perante seus pares".
Diário Catarinense/ ZH