Rio Grande do Sul contabiliza a perda de 17 mil colmeias desde o início das enchentes

Levantamento registrou perda de colmeias em pelo menos 66 municípios gaúchos.

21/06/2024

Por @ClicPaverama | contato@clicpaverama.com.br | Clic do Vale
Em Agricultura e Meio Ambiente

O Rio Grande do Sul já contabiliza a perda de pelo menos 17 mil colmeias desde o início das enchentes que devastaram o Estado no mês passado. Em média, cada colmeia tem de 50 mil a 80 mil abelhas.

A quantidade leva em conta apenas as mortes da espécie Apis mellifera e de abelhas-sem-ferrão.

O levantamento, feito pela Federação Agrícola e de Meliponicultura do Rio Grande do Sul, em parceria com o Observatório das Abelhas, a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) e o Ministério da Agricultura e Pecuária, registrou perda de colmeias em pelo menos 66 municípios gaúchos, principalmente em Palmares do Sul, que computou a destruição de mais de 2 mil colmeias.

“As colmeias ficaram submersas ou foram carregadas. Muitas áreas foram inundadas pelas águas que escorreram das partes mais altas, levaram as colmeias ou inundaram os locais, deixaram as colmeias realmente submersas e as abelhas morreram”, afirmou a coordenadora-executiva do Programa Observatório de Abelhas do Brasil, a bióloga Betina Blochtein.

Os dados do levantamento não consideram as colmeias que foram parcialmente atingidas pela água nem aquelas que estão em risco em razão da falta de alimentos para as abelhas. No total, segundo a Associação Brasileira de Estudo das Abelhas, o RS tem 486 mil colmeias.

“A gente não está computando as colmeias que estão agora em alto risco, por exemplo, que foram parcialmente afetadas. As paisagens foram muito lavadas. Em muitos casos, elas estão com uma camada de lodo, de terra por cima, não têm vegetação com flores, então, não têm alimentação para as abelhas”, disse Betina.

A quantidade de abelhas mortas no Estado em razão da tragédia climática pode ser muito maior, segundo a bióloga. Isso porque apenas a espécie Apis mellifera e abelhas-sem-ferrão foram monitoradas. As abelhas que não vivem em colmeia, não sociais, por exemplo, não têm como ser computadas no levantamento.

“Temos na natureza centenas, milhares de espécies de abelhas que a gente não consegue monitorar e que ninguém viu onde elas estavam quando começou a chuva e ninguém consegue contá-las”, explicou Betina. Ela ressaltou que essas abelhas, não sociais, são mais frágeis, têm menos capacidade de se defender de alterações climáticas bruscas e, provavelmente, foram ainda mais impactadas pelas chuvas e enchentes.

Segundo o Relatório Temático Sobre Polinização, Polinizadores e Produção de Alimentos no Brasil da Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos e da Rede Brasileira de Interações Planta-Polinizador, 76% das plantas para consumo humano no País são polinizadas por abelhas. A ação de polinização do inseto tem importância variada, a depender de cada planta.

Além de aumentar a produtividade dos cultivos, a polinização feita pelas abelhas produz frutos e sementes de melhor aparência e qualidade e dá mais valor de mercado aos produtos.


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