Seca atual é comparada com a que provocou quebra na safra de 2012

As chuvas atingem a média na faixa norte do estado, mas a distribuição continua irregular.

22/01/2020

Por Clic Paverama | contato@clicpaverama.com.br | Clic do Vale
Em Agricultura e Meio Ambiente

O Rio Grande do Sul tem passado por sérios problemas relacionados à falta de chuva nesta temporada. Já são mais de 70 cidades em situação de emergência por conta da seca e os produtores  já estimam perdas de 70% em algumas áreas de milho, como em Tupanciretã, por exemplo. 

A soja que foi plantada mais tarde tem uma estimativa de 20% a 30% de perdas, de acordo com especialistas. Comparações já estão sendo feitas com a safra de 2012, quando o estado registrou perdas generalizadas por conta da presença de dois La Niñas seguidos.

O fenômeno La Niña favorece as chuvas no Nordeste do Brasil, mas aumenta a escassez de chuva no Sul. Em anos de El Niño os efeitos são o contrário: favorecem a safra no Rio Grande do Sul e prejudicam o Matopiba.

No entanto, estamos em um ano de neutralidade climática. Por que estamos passando por este problema da estiagem? Paulo Etchichury, da Somar Meteorologia, explica que o problema é a irregularidade na distribuição da chuva ao longo do mês. “Santa Maria, por exemplo, registrou mais de 160 milímetros de chuva nos últimos 30 dias, o que representa a média climatológica. O problema é que mais de 80 milímetros destes 160 aconteceram em apenas um dia”, explica ele. Chuva volumosa depois de um longo período seco não é muito aproveitada para a retenção desta umidade do solo.

A metade sul do estado é a área mais afetada, onde a umidade do solo apresenta índices de 30%, sendo que o índice mínimo tolerável para o bom desempenho das lavouras é de 60%. Já a faixa norte do Rio grande do Sul apresenta condições mais satisfatórias e a Emater acredita que, no geral, o desenvolvimento das lavouras de soja ainda é satisfatório, diante da falta de umidade e às altas temperaturas ocorridas nas últimas duas semanas. A permanência dessas condições de tempo é que pode resultar em perdas de produtividade. “A irregularidade de chuvas indicará os percentuais de perdas”, diz Paulo.

Na virada do mês, há expectativa de 60 a 100 milímetros de chuva em algumas áreas do Rio Grande do Sul, de acordo com a Somar Meteorologia, mas fevereiro ainda vai apresentar volumes abaixo da média. Apenas a partir de abril, as chuvas vão se tornar mais generalizadas. As lavouras de soja no Rio Grande do Sul estão 56% na fase de desenvolvimento vegetativo, 34% em floração e 10% em enchimento de grãos. De acordo com o Informativo Conjuntural, divulgado pela Emater do Rio Grande do Sul.

Em parte das lavouras em desenvolvimento vegetativo, vem ocorrendo o murchamento de folhas; naquelas mais adiantadas acontece o abortamento de flores nas primeiras camadas. Em solos mais rasos, ocorre morte de plantas devido ao déficit hídrico.  Na Regional de Ijuí, extremo sul do estado, a cultura da soja foi bastante afetada pela estiagem, comprometendo o desenvolvimento das lavouras plantadas em outubro.

No milho, apesar das chuvas ocorridas no Estado, os acumulados não revertem o déficit hídrico em boa parte das lavouras, que tem prejudicado o desenvolvimento da cultura. Totalmente implantada no Rio Grande do Sul, o milho está com 20% das lavouras em germinação e desenvolvimento vegetativo, 13% em floração, 28% em enchimento de grãos, 26% maduro e 13% dos 771 mil hectares já foram colhidos.

 

Canal Rural