Rio Grande do Sul deve ter primavera quente e seca em decorrência do La Niña

Tempo permanece seco e temperatura segue em elevação no RS nos próximos dias; veja previsão da primavera e da semana.

14/10/2020

Por Clic Paverama | contato@clicpaverama.com.br | Clic do Vale
Em Notícias Gerais

Um evento La  Niña pode provocar anomalias de chuvas e temperaturas do ar, indicando risco de estiagem em todas as regiões do Rio Grande do Sul nesta primavera - e com maior intensidade em novembro. É o que aponta o Boletim do do Conselho Permanente de Meteorologia Aplicada do Estado do Rio Grande do Sul (Copaaergs), referente aos meses de outubro, novembro e dezembro de 2020.

Utilizando o Modelo Regional Climatológico implementado no Centro de Pesquisas e Previsões Meteorológicas da Universidade Federal de Pelotas (CPPMet/UFPel), o boletim prevê uma probabilidade alta de que estas condições de La Niña se iniciem durante a primavera de 2020 e permaneçam até o verão 2020/2021.

A previsão indica para o mês de outubro redução da chuva (anomalia entre fraca e moderada) e aumento da temperatura diurna, o que produz aumento da evapotranspiração, especialmente na segunda quinzena. Para o mês de novembro, o modelo aponta para uma redução ainda maior de chuva (anomalia entre forte e muito forte), com predomínio de noites mais frias e dias mais quentes, padrão característico de períodos muito secos. Em dezembro, são esperados padrões de chuva mais próximos da média, mas com temperaturas acima do normal, o que mantém a evapotranspiração elevada.

O documento alerta para a necessidade de monitorar os recursos hídricos, mesmo em regiões onde, nos últimos meses, houve chuvas acima da média: "A indicação de um possível padrão de precipitação pluvial mais próximo do normal no final do mês de dezembro não necessariamente caracteriza uma condição de normalidade para o verão".

O boletim do Copaaergs é elaborado a cada três meses por especialistas em Agrometeorologia de 14 entidades públicas estaduais e federais ligadas à agricultura ou ao clima. O documento também lista uma série de orientações técnicas para as culturas do período:

Culturas de outono-inverno produtoras de grãos (trigo, aveia, cevada):

  • Independente do prognóstico climático de precipitação pluvial abaixo da média no período, monitorar a ocorrência de doenças e pragas e observar se há necessidade de aplicações de defensivos agrícolas. Não descuidar do momento da colheita, colhendo tão logo seja possível;
  • Os produtores devem providenciar a revisão das colhedoras e acompanhar a previsão do tempo para colheita.

Arroz:

  • Considerando que a disponibilidade de água nos reservatórios não está na capacidade máxima e o prognóstico aponta redução de chuvas no trimestre outubro-novembro-dezembro, dimensionar a área a ser semeada conforme a disponibilidade de água;
  • Dar continuidade à adequação das áreas que ainda não estão preparadas para possibilitar a semeadura na época recomendada pelo zoneamento agrícola, de forma a aproveitar as melhores condições de radiação solar e evitar as temperaturas baixas no período reprodutivo da cultura;
  • Escalonar a época de semeadura de acordo com o ciclo da cultivar, primeiro as de ciclo longo, seguidos das de ciclo médio e precoce;
  • Para as semeaduras até meados de outubro, quando a temperatura do solo é baixa, atentar para que a profundidade de semeadura não seja superior a 2 cm, a fim de evitar redução no estande de plantas e a consequente desuniformidade no estabelecimento inicial da cultura.

Culturas de primavera-verão produtoras de grãos (milho, soja, feijão):

  • Escalonar a época de semeadura e utilizar genótipos de diferentes ciclos ou diferentes grupos de maturação para evitar eventuais perdas em função de deficiência hídrica no período crítico, sempre respeitando o zoneamento agrícola;
  • Para cultura de milho e feijão iniciar a semeadura quando a temperatura do solo, a 5 cm de profundidade, estiver acima de 16°C e houver umidade adequada do solo;
  • Para cultura da soja somente iniciar a semeadura quando houver umidade adequada do solo;
  • Tratando-se de plantio direto, fazer o manejo de culturas de inverno voltadas para a proteção do solo e manutenção da umidade no solo;
  • Considerando o prognóstico de baixa precipitação no trimestre outubro/novembro/dezembro, se possível, irrigar sempre que necessário. Dar preferência à irrigação nos períodos críticos da cultura (florescimento – enchimento de grãos);
  • Para o cultivo da soja em terras baixas é indispensável a drenagem. Entretanto, em anos de estiagem, é importante atenção quanto ao manejo da irrigação, pois os solos são rasos e argilosos.

Hortaliças:

  • Quando necessário, irrigar, dando preferência ao sistema de gotejamento;
  • Em ambientes protegidos (túneis e estufas), proceder a abertura o mais cedo possível no lado contrário ao vento;
  • Indica-se a produção de mudas em ambiente protegido no sentido de garantir a qualidade das mesmas.

Fruticultura:

  • Em pomares nos quais houve eventual perda de estruturas de frutificação e frutos em função da ocorrência de geadas, adotar o manejo usual do dossel vegetativo em relação a podas e aplicações de defensivos químicos, a fim de assegurar a produção da safra seguinte;
  • Preservar a cobertura verde da área para conservação do solo e armazenamento de água no solo;
  • Considerando que os prognósticos indicam chuva abaixo da media no trimestre outubro/novembro/dezembro, o que tende a favorecer a polinização e a frutificação efetiva, recomenda-se a prática do raleio para ajuste da carga de frutos, conforme as orientações técnicas de cada região/cultivar, para garantir o desenvolvimento adequado dos frutos neste período inicial do ciclo;
  • Seguir o manejo fitossanitário recomendado para a cultura, dando atenção principalmente à incidência de pragas. Com a primavera mais seca, recomenda-se uma maior atenção no monitoramento e controle de ácaros, evitando inseticidas pouco seletivos que afetam os inimigos naturais destes insetos. Importante também o monitoramento de moscas-das-frutas, adotando o uso de iscas tóxicas;
  • Considerando o prognóstico de chuva abaixo da média, no estabelecimento de novos pomares deve ser prevista irrigação para evitar a perda de mudas.

Silvicultura:

  • Adequar o manejo florestal, considerando a possibilidade de precipitação abaixo da média climatológica no trimestre outubro/novembro/dezembro;
  • Em povoamentos florestais, deve ser evitada a adubação mineral ou orgânica com elevadas concentrações de nitrogênio;
  • Para produção de mudas florestais em céu aberto, caso o viveirista tenha necessidade de aplicar fertilizantes, deve aumentar a relação potássio/nitrogênio da formulação mais indicada para cada espécie e estádio;
  • Caso o produtor florestal tenha necessidade de realizar o plantio no trimestre outubro/novembro/dezembro, as mudas florestais devem apresentar um sistema radicular bem formado para garantir maior sobrevivência no campo.

Forrageiras:

  • Considerando o prognóstico de precipitação abaixo da media climatológica, promover a manutenção da cobertura de solo e de boa disponibilidade de forragem, adequando a lotação animal ao crescimento do pasto;
  • Indica-se manter a lotação animal reduzida nas pastagens de azevém, para garantir boa ressemeadura natural no próximo ano;
  • Escalonar os períodos de plantio/semeadura das pastagens cultivadas no verão utilizando mudas/sementes de alto vigor;
  • Indica-se fazer silagem/feno de cultivos e pastagens de inverno/primavera, visando garantir maior disponibilidade de alimento no verão para as categorias de rebanhos mais exigentes, tendo em vista que o prognóstico de precipitação abaixo da média climatológica pode afetar o desenvolvimento das pastagens.

Piscicultura:

  • Considerando o prognóstico de precipitação pluvial abaixo da média, o produtor de peixes deve procurar manter o nível de água dos viveiros.

Previsão no RS:

A partir de agora, a umidade da Amazônia será compartilhada entre as frentes frias que passam pelo Rio Grande do Sul e pelos sistemas meteorológicos tropicais do Sudeste e Centro-Oeste resultando em eventos de chuva mais espaçados ou mais fracos.

Até o fim de semana, o tempo permanecerá seco e com temperatura em elevação. Somente na semana que vem há previsão de chuva sobre as áreas produtoras da Metade Sul do Rio Grande do Sul.

Mapa

Mapas meteorológicos para a Região Sul - Foto: Reprodução/Somar

CONFIRA PREVISÃO PARA REGIÕES ARROZEIRAS:

Fronteira Oeste:

Tempo seco, ensolarado e temperatura em elevação na Fronteira Oeste. A chuva retornará apenas a partir do próximo sábado (17) com acumulado entre 10mm e 35mm em seis dias (expectativa de acumulado de chuva mal distribuído nos municípios da Fronteira Oeste). As rajadas de vento do quadrante sul devem alcançar 45km/h na quinta-feira da semana que vem (22). A temperatura sobe devagar. A mínima na madrugada desta terça (13) alcançou pouco mais de 10°C e a máxima chegará aos 26°C à tarde. Até a segunda-feira que vem (19), esperam-se termômetros entre 20°C e 35°C. No sábado, a chuva deverá vir acompanhada de muitas trovoadas e eventual queda de granizo.

Campanha:

Tempo seco, ensolarado e temperatura em elevação na Campanha. A chuva retornará apenas a partir do próximo domingo (18) com acumulado entre 15mm e 25mm em cinco dias. As rajadas de vento do quadrante sul devem passar dos 50km/h na quinta-feira da próxima semana (22). A temperatura sobe devagar. A mínima na madrugada desta terça (13) alcançou pouco menos de 10°C e a máxima chegará aos 22°C à tarde. Até a segunda-feira que vem (19), esperam-se termômetros entre 18°C e 31°C.

Central:

Tempo seco, ensolarado e temperatura em elevação na Região Central. A chuva retornará apenas a partir do próximo sábado (17) com acumulado entre 25mm e 35mm em seis dias. As rajadas de vento do quadrante leste devem alcançar 45km/h entre a quinta (15) e sexta-feira desta semana (16). A temperatura sobe devagar. A mínima nesta madrugada alcançou pouco mais de 10°C e a máxima chegará aos 25°C à tarde. Até a segunda-feira que vem (19), esperam-se termômetros entre 18°C e 34°C. No domingo (18), a chuva deverá vir acompanhada de muitas trovoadas e eventual queda de granizo.

Planície Costeira Interna:

Tempo seco, ensolarado e temperatura em elevação na Planície Costeira Interna. A chuva retornará apenas a partir do próximo sábado (17) com acumulado entre 10mm e 35mm em seis dias (expectativa de acumulado de chuva mal distribuído nos municípios da Planície Costeira Interna). As rajadas de vento do quadrante leste devem alcançar 45km/h entre a sexta-feira (16) e o sábado desta semana (17). A temperatura sobe devagar. A mínima na madrugada desta terça (13) alcançou pouco mais de 13°C e a máxima chegará aos 23°C à tarde. Até a segunda-feira que vem (19), esperam-se termômetros entre 17°C e 29°C.

Planície Costeira Externa:

Tempo seco, ensolarado e com temperatura em elevação na Planície Costeira Externa. A chuva retornará a partir do fim de semana, mas o acumulado será baixo, inferior aos 10mm em seis dias, na maior parte das áreas produtoras. A temperatura sobe devagar. Nesta terça-feira (13), os termômetros variam entre 14°C e 23°C na Região Metropolitana de Porto Alegre. Já na segunda-feira que vem (19), a mínima alcança 19°C e a máxima passa dos 30°C. A sexta-feira (16) será o dia mais ventoso com rajadas de leste com pouco mais de 40km/h.

Zona Sul:

Tempo seco com sol entre nuvens e temperatura em elevação na Zona Sul. A chuva retornará a partir do domingo (18) com acumulado bastante irregular entre os municípios, variando desde os 5mm até os 25mm em cinco dias. As rajadas de vento de sul alcançam quase 60km/h na quarta-feira da semana que vem (21). A temperatura eleva-se gradativamente. Nesta terça-feira (13), os termômetros variam entre 11°C e 19°C. Na segunda-feira que vem (19), a temperatura oscilará entre 17°C e 28°C.

Fonte: IRGA, SEAPDR